Plano Contra a Democracia

Inside Brasília – 27/11/2024
Por i3P Risco Político
Foto: Pablo Jacob

Democracia Desafiada


A Polícia Federal (PF) revelou nesta terça-feira (26) detalhes de um documento apreendido na sede do Partido Liberal (PL) que continha planos para interromper a transição de governo em 2022. Com frases como “Lula não sobe a rampa” e instruções para “mobilização de juristas e formadores de opinião”, o material demonstra uma clara tentativa de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O manuscrito foi encontrado na mesa do assessor do general Walter Braga Netto, indicando que a “Operação 142” buscava uma ruptura institucional usando as Forças Armadas como pretexto.

Estrutura do Golpe
A investigação revelou termos como “Substituição de todo o TSE” e “Preparação de novas eleições” no material apreendido, confirmando que os planos incluíam medidas autoritárias para reverter o resultado eleitoral. O relatório da PF identificou que o golpe estava marcado para o dia 15 de dezembro de 2022, com articulações entre aliados do então presidente Jair Bolsonaro, incluindo generais e ministros.

Resistência Interna
Apesar das pressões, o general Freire Gomes, comandante do Exército, e Baptista Junior, da Aeronáutica, mantiveram sua posição institucional, frustrando o avanço do plano golpista. A falta de adesão das tropas levou Bolsonaro a recuar, mesmo com um decreto pronto para ser assinado. Por outro lado, figuras como o almirante Garnier, da Marinha, demonstraram apoio ao intento, mas sem força suficiente para consumá-lo.

Espionagem e Conspirações
Entre novembro e dezembro de 2022, agentes infiltrados monitoraram o então presidente eleito Lula e sua equipe durante o período de transição. Investigações apontam que o plano, denominado “Punhal Verde Amarelo”, incluía ações extremas como o assassinato de Lula e de Geraldo Alckmin por envenenamento ou químicos letais. O policial federal Wladimir Matos Soares teria infiltrado a segurança de Lula para coletar e repassar informações estratégicas.

Influência Externa
A prisão do ex-presidente peruano Pedro Castillo, após uma tentativa frustrada de golpe, influenciou a hesitação de Bolsonaro em avançar com o plano no Brasil. Para aliados golpistas, o cenário no Peru evidenciava os riscos de agir sem apoio consolidado das instituições militares.

Estratégias Pós-Golpe
Documentos encontrados na casa do general Mário Fernandes detalharam estratégias para desviar o foco das investigações da CPMI do 8 de janeiro. O objetivo incluía atribuir ao governo Lula a responsabilidade pelos atos golpistas e deslegitimar instituições como o STF e a Polícia Federal.

Abin
Como chefe da Abin, Alexandre Ramagem desempenhou um papel central no apoio ao grupo golpista, fornecendo informações estratégicas e municiando Bolsonaro com ataques ao sistema eleitoral. A PF concluiu que Ramagem desviou as funções da agência para servir aos interesses do grupo, massificando campanhas de desinformação e deslegitimação do STF e das urnas eletrônicas.

O Golpe que Não Subiu a Rampa
O inquérito do golpe expôs um plano ousado, mas mal-executado, que colidiu com os pilares institucionais ainda firmes do Brasil. A resistência de setores-chave das Forças Armadas e o isolamento político do núcleo golpista frustraram uma tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Este episódio, embora aterrador, reafirma que a democracia brasileira é resistente, mas nunca inabalável. Cabe ao Brasil permanecer vigilante e aprender com as ameaças para evitar que elas voltem a se repetir.

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