Principais assuntos da pauta: conservadorismo e recuperação da credibilidade econômica

Foto do Dia – 16/07/2024
Leonardo Barreto para
I3P Risco Político

Há duas grandes correntes atuando na política brasileira como formadoras de tendências e condições de previsibilidade:

A primeira é a extensão e o formado da onda conservadora.
Após um reconhecimento do governo da existência de que há uma maioria mais à direita – o que levou Lula a fazer diversas falas e a comunicação institucional do governo bancar campanhas específicas para esse público –, a questão é saber se esse eleitor pode ser levado a votar no PT em 2026 ou, pelo menos, abandonar a franja bolsonarista, o que exigira o surgimento de uma opção conservadora alternativa.

O atentado contra a vida do Donald Trump torna essa segunda opção mais difícil, porque reforça exatamente o sentimento de perseguição existente contra segmentos majoritários da direita. Não apenas o evento em si, mas também a cobertura hesitante da imprensa, que quase tratou as primeiras imagens da tentativa de assassinato como fake news, fortalece Jair Bolsonaro e retira incentivos para moderação.

O avanço do governo sobre evangélicos reduziu a rejeição nesse grupo de 62 para 52% em 2024, segundo a última pesquisa Quaest. Deve-se ter em conta que o movimento não se deve apenas à mudança na comunicação, mas também a um assédio do Planalto com recursos públicos junto a pastores e líderes evangélicos. Explica-se: igrejas executam políticas públicas com recursos públicos repassados por convênios e emendas. Por isso, não é de interesse delas estar na oposição, porque dependem de bom diálogo com instâncias do Estado, tratando-se de um movimento de mão dupla.

Mas deixar de rejeitar não significa apoiar. O governo avançou bastante nesse público, mas não o suficiente para voltar a ter a hegemonia do sentimento popular.

O segundo movimento é a credibilidade da autoridade econômica, especialmente na gestão fiscal. Está claro que o governo ainda não vai atacar a agenda de despesas. Enquanto isso, vai buscando apoio na praça para reforçar que suas intenções são sinceras. Parte desse papel foi cumprido CEO do Banco XP, José Berenguer, em entrevista ao Estadão hoje (ver link).
https://lnkd.in/dbYu3j5y

Berenguer repete que o problema fiscal é mais de comunicação do que de conteúdo e que acredita em um “comprometimento total” do governo e do Congresso em entregar a meta fiscal, embora uma agenda concreta de revisão de despesas não tenha um cronograma.

Trata-se da confirmação do cenário delineado anteriormente por nós até aqui: acalmar as expectativas com narrativa até, pelo menos, passar as eleições municipais.


Por último, a Fazenda demonstra mais disposição para enfrentar o debate fiscal pelo lado da receita, com o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais defendendo a criação de um gatilho de aumento da CSLL no caso de as medidas propostas pelo Senado não terem força fiscal suficiente para cobrir a conta da desoneração de 17 setores e pequenos municípios.

A insistência ocorre mesmo após informações de que os senadores rejeitaram por unanimidade essa ideia. Trata-se de um cenário tão improvável que coloca em dúvida se o governo quer realmente resolver o assunto ou se apenas faz cena para poder dizer que “fez sua parte” quando o STF derrubar a medida.

Aliás, muitos já estão incrédulos com o cumprimento final do prazo dado por Cristiano Zanin e pedem ao Planalto que faça gestão ao ministro do STF para uma prorrogação do limite final.

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/padilha-aumento-de-ate-1-da-csll-para-compensar-a-desoneracao-da-folha-esta-na-mesa/

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