Inside Brasília – 30/09/2024
Por i3P Risco Político
Foto: Antônio Chahestian/Record
Debate Eleitoral São Paulo
O debate da TV Record na noite de sábado (28) marcou um ponto de inflexão na campanha eleitoral para a Prefeitura de São Paulo. Pela primeira vez, os seis principais candidatos participaram de um confronto mais moderado, sem as agressões físicas e verbais que marcaram os embates anteriores. O prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), foi o principal alvo das críticas, recebendo ataques coordenados de adversários como Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB).
As Regras e a Disciplina no Debate
Durante as duas horas e vinte minutos do debate, houve onze pedidos de resposta, todos negados, e uma única punição. Pablo Marçal perdeu 30 segundos de suas considerações finais por utilizar um apelido pejorativo contra Guilherme Boulos (Psol). Este controle mais rígido e disciplinado por parte da produção evitou episódios de violência que ocorreram em debates anteriores, trazendo mais civilidade ao confronto.
Guilherme Boulos Sob os Holofotes
Ao contrário de debates passados, Boulos também se tornou um alvo, inclusive por parte de Tabata Amaral (PSB), que criticou o candidato do Psol em questões polêmicas como aborto, legalização das drogas e a situação da Venezuela. Mesmo apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Boulos enfrentou desafios ao tentar se posicionar como um candidato capaz de governar para todos os cidadãos de São Paulo.
Ricardo Nunes no Centro dos Ataques
Desde o primeiro bloco, Ricardo Nunes foi o principal alvo das críticas dos rivais. Pablo Marçal e Datena, em particular, acusaram o prefeito de falta de transparência e supostos desvios de recursos de creches municipais, tema em investigação pela Polícia Federal. Nunes elevou o tom ao rebater as acusações, acusando Marçal de ser um “mentiroso contumaz” e mencionando supostas condenações do adversário por fraudes financeiras.
A Duplicidade de Ataques: Boulos e Nunes
Em uma das situações mais acirradas do debate, Boulos acusou Nunes de negligência durante o apagão que afetou São Paulo em novembro de 2023. Nunes respondeu com ataques, relembrando a atuação de Boulos em movimentos sociais que invadiram propriedades privadas. A troca de farpas entre os dois trouxe à tona questões sobre a capacidade de liderança e integridade dos candidatos.
Críticas a Outras Áreas
Enquanto Nunes se defendia, sua gestão foi questionada em temas como educação, assistência social e a situação de pessoas em situação de rua. Datena classificou a situação como um “genocídio” e criticou o abandono que muitos enfrentam nas ruas da cidade. Tabata Amaral também não poupou críticas ao prefeito, especialmente em relação à segurança e contratos suspeitos na gestão de creches.
Momentos Inusitados
O debate teve momentos inusitados, como a “dobradinha” entre Datena e Marçal, antigos rivais em confrontos passados, agora unindo forças para criticar Nunes. A tentativa de Marçal de se destacar incluiu até mesmo um jejum “pelo povo”, uma estratégia que visava atrair atenção, mas que não foi suficiente para evitar que os demais candidatos o deixassem de lado em diversos momentos do debate.
Civilizado
O debate da TV Record foi o mais civilizado até o momento, oferecendo ao eleitor um confronto mais focado nas propostas e críticas direcionadas, em vez de ataques agressivos e desrespeitosos. Embora Ricardo Nunes tenha sido o principal alvo, os candidatos conseguiram manter um nível de debate que permitiu a exposição de ideias e críticas de forma mais produtiva. Com mais dois debates previstos antes do primeiro turno, a esperança é que o ambiente de discussão continue amadurecendo, permitindo aos eleitores fazer uma escolha mais informada sobre quem deve liderar São Paulo nos próximos anos.