Inside Brasília – 15/11/2024
Por i3P Risco Político
G20 Social com Propósitos Globais e Raízes Locais
Nesta quinta-feira (14), o G20 Social abriu suas atividades com debates pungentes sobre racismo, desde o tecnológico, envolvendo algoritmos e inteligência artificial, até o ambiental, associado à negligência com populações vulneráveis. Com uma agenda diversa, o evento destaca como a sociedade civil pode influenciar a política global em uma plataforma inédita criada pelo Brasil.
Racismo Algorítmico e Ambiental
As discussões no G20 Social trouxeram à tona dois tipos de racismo que refletem desigualdades estruturais: o algorítmico e o ambiental. Alexandra Montgomery, da Anistia Internacional Brasil, destacou como algoritmos e inteligência artificial têm reforçado preconceitos, especialmente contra populações negras, que já sofrem impactos desproporcionais de violência policial. Estudos mostram que quase 90% dos mortos por policiais em 2023 eram negros, enquanto sistemas de reconhecimento facial perpetuam erros que aprofundam o racismo, segundo o pesquisador Pablo Nunes. Paralelamente, Luzia Camila, do coletivo Confluência das Favelas, expôs como as periferias são as mais atingidas por desastres climáticos, em um contexto de negligência estatal que ela define como “injustiça climática”. Dados do Censo 2022 reforçam essa realidade, indicando que 72,9% dos moradores de favelas são negros, evidenciando a intersecção entre desigualdade racial, tecnológica e ambiental.
Conexão do Local com o Global
Na cerimônia de abertura, o prefeito Eduardo Paes e ministros como Márcio Macêdo e Mauro Vieira destacaram o pioneirismo do Brasil em integrar a sociedade civil à agenda do G20. “Se o G20 Social der certo, nunca mais esses encontros serão realizados sem a participação popular”, destacou Macêdo. Já Mauro Vieira ressaltou a luta contra a fome, a reforma da governança global e a transição energética como temas centrais do evento.
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
A primeira-dama, Janja Lula da Silva, anunciou a iminente formalização da Aliança Global, um mecanismo para financiar a redução da pobreza e desigualdade no mundo. Com escritórios internacionais planejados, a iniciativa busca combinar recursos e conhecimento em políticas públicas. “Estamos virando a chave para um futuro mais justo e solidário”, declarou Janja.
Inovação buscando Liderar
O G20 Social transcende o caráter de uma simples reunião de debates, representando um marco de transformação política global fundamentado na participação popular. Ao conectar as vozes das periferias às lideranças mundiais, o evento dá visibilidade a temas cruciais como justiça climática e governança global, pavimentando o caminho para um legado de inclusão e diálogo. No entanto, o esforço de ampliar as vozes a serem ouvidas também traz desafios: a diversificação das pautas pode diluir o foco em questões já complexas que precisam ser abordadas na cúpula. O Brasil inova ao protagonizar essa ponte entre o local e o global, enquanto o Sul Global encontra um espaço para ressoar próprio.