Inside Brasília – 25/09/2024
Por i3P Risco Político
Foto: Ricardo Stuckert / PR
Lula critica ineficácia da ONU em seu discurso na Assembleia Geral
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu o debate da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em Nova York com críticas contundentes ao que considera uma falta de eficiência dos líderes mundiais na resolução dos problemas globais. Segundo Lula, os esforços se limitam a “andar em círculos”, resultando em compromissos que não oferecem soluções reais. Citando o Pacto para o Futuro, ele destacou que o processo de aprovação do documento é reflexo do enfraquecimento da capacidade de diálogo e negociação entre os países, evidenciando um paradoxo contemporâneo.
A necessidade de uma ONU mais inclusiva e representativa
Em seu discurso, Lula ressaltou a urgência de uma reforma estrutural na governança global. Ele lembrou que, desde a fundação da ONU, em 1945, a organização cresceu de 51 para 193 países, mas a Carta das Nações Unidas permanece sem reformas abrangentes. A atual versão do documento não aborda os desafios modernos, como os conflitos armados que ameaçam se tornar confrontos generalizados. Lula destacou a necessidade de que a ONU seja mais inclusiva, enfatizando a ausência de mulheres em cargos-chave e a falta de representação adequada para países da América Latina e da África no Conselho de Segurança.
Propostas de reforma e fortalecimento da ONU
Lula propôs medidas concretas para transformar a ONU em uma instituição mais eficaz e representativa. Entre elas, a transformação do Conselho Econômico e Social em um fórum central para o desenvolvimento sustentável e o combate às mudanças climáticas, além de uma ampla reforma do Conselho de Segurança. Ele defendeu a inclusão de países emergentes e uma revisão dos métodos de trabalho e do direito de veto, para que o Conselho seja mais eficaz em lidar com as realidades contemporâneas. Segundo o presidente, a exclusão de países como os da América Latina e da África é um “eco inaceitável” do passado colonial.
Debate sobre a governança global e o papel do Brasil
No âmbito da reforma do Conselho de Segurança, Lula reconheceu a complexidade do processo, admitindo que haverá resistência daqueles que desejam manter o status quo. Contudo, ele argumentou que é uma responsabilidade global agir e evitar que uma nova tragédia mundial seja o motor de mudança. Reforçando o papel do Brasil, Lula destacou que o país continuará a lutar por temas prioritários como o combate às desigualdades, o enfrentamento das mudanças climáticas e a reforma das instituições de governança global.
Atuação do Brasil e encontros bilaterais
Durante sua passagem por Nova York, Lula realizou diversas reuniões bilaterais com líderes mundiais. Ele discutiu temas como cooperação industrial e de defesa com o presidente da França, Emmanuel Macron, e o conflito no Oriente Médio com o Rei Abdullah II da Jordânia. O presidente brasileiro aproveitou sua participação na ONU para reafirmar o compromisso do Brasil em combater crimes ambientais e prometeu o fim do desmatamento ilegal até 2030, reafirmando a liderança do país em questões ambientais e de sustentabilidade.
Brasil Liderança Internacional
O discurso de Lula na ONU evidenciou o desejo do Brasil de assumir um papel de liderança na construção de uma nova ordem global mais justa, inclusiva e eficaz. Ao longo de sua participação, o presidente brasileiro deixou claro que o país está comprometido em lutar por reformas que reflitam as realidades e necessidades do século XXI. Com propostas ambiciosas e críticas contundentes, Lula posicionou o Brasil como um defensor da paz, da igualdade e da justiça, buscando inspirar uma transformação na forma como as nações se unem para enfrentar os desafios do futuro.