Pressão externa e doméstica sobre a política econômica de Lula

Foto do dia – 19/07/2024
Leonardo Barreto para
i3P risco político

Pressão do exterior…
Matéria da revista inglesa The Economist neste final de semana alerta investidores estrangeiros – público majoritário da publicação – que a trajetória de gastos atual no Brasil é excessiva. Divulgando números conhecidos dos brasileiros, como o crescimento de despesas em 13% em um ano, o texto sintetiza o cenário que ela vê em duas frases:

1. O problema é que Lula está gastando como o se o país fosse mais rico do que realmente é.
2. Lula, que terá 80 anos em 2026, deveria olhar para o futuro, promover um(a) jovem sucessor(a) e fazer reforma para abrir espaço para políticas genuinamente progressistas. A repetição de fórmulas do passado, no entanto, sinalizam que ele taxa e gasta a forma de alguém que quer um novo mandato.


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Pressão doméstica…
Há quem ache a onda de memes sobre Fernando Haddad é um ataque cibernético contra a pessoa física do ministro, defendendo até algum tipo de ação judicial.

Outra forma de ver o assunto, no entanto, é recorrer ao que memes significam em termos culturais – uma modalidade de ativismo digital no ambiente ultrademocrático das redes. Se começou a ser veiculado profissionalmente, viralizou e passou a suscitar engajamento orgânico.

Nesse sentido, olhando para o conteúdo e não para o personagem (Haddad), a mensagem não pode estar mais clara. Uma boa parte da população está reclamando, por meio do humor (uma fórmula clássica), contra a agenda econômica que busca compensar o aumento de gastos com equivalente aumento de receita (em maio, a Receita anunciou que a arrecadação cresceu 10,46% em termos reais em relação ao mesmo mês de 2023).

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Debaixo de pressão, governo anuncia congelamentos e cortes.
Um sinal de que o governo percebe o risco do seu jogo foi o anúncio, ontem (18), de um bloqueio de R$ 15 bilhões de despesas. Notícias de bastidores dizem que o bloqueio atingirá todas as pastas, mas ainda não há decisão de quem vai perder o quê.

O governo gostaria de enfrentar essa agenda após as eleições, mas não deu. Isso porque está marcado para a próxima segunda (22) a prestação de contas bimestral das contas públicas e o resultado deve ser ruim. Por isso, o anúncio do bloqueio tenta antecipar uma reação negativa do mercado aos números que serão apresentados.

A situação fiscal coloca pressão sobre a votação da desoneração de 17 setores e pequenos municípios, agenda sobre a qual o Senado tenta avançar com uma frágil lista de medidas compensatórias. Com o gosto que tem pelo embate, cresce a possibilidade de que a Fazenda banque a derrubada da medida pelo STF.

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