Inside Brasília – 08/10/2024
Por i3P Risco Político
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
Sabatina de Galípolo
Nesta terça-feira, o Senado Federal votará três matérias, incluindo a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, item que não constava inicialmente na pauta. Antes da votação, Galípolo será sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e, se aprovado, seu nome seguirá para o Plenário, onde a votação será secreta. Caso o Senado o confirme, Galípolo assumirá o Banco Central em janeiro de 2025, substituindo Roberto Campos Neto. A indicação precisa ser aprovada pela maioria dos votantes tanto na CAE quanto no Plenário.
Autonomia do Banco Central
A presidência do Banco Central é regida pela Lei Complementar 179, de 2021, que garante a autonomia da instituição. Apesar do clima de apoio entre os partidos à indicação de Galípolo, os parlamentares exigem garantias sobre a manutenção dessa autonomia, sobretudo em um cenário de mudança de governo após 2026. O senador Oriovisto Guimarães, por exemplo, questiona se Galípolo manterá essa independência em um eventual governo de direita.
Encontros Estratégicos
Galípolo tem se articulado intensamente no Senado, com reuniões com o presidente Rodrigo Pacheco e o ministro Fernando Haddad na véspera da sabatina. Ele também conversou com o presidente Lula e diversos senadores, incluindo membros da oposição. Seu pragmatismo e disposição para o diálogo conquistaram elogios tanto de governistas quanto de opositores, como Carlos Portinho (PL) e Damares Alves (Republicanos), que destacaram sua competência técnica e centrada.
Apoio e Expectativas no Senado
Mesmo com a recepção positiva, há preocupação em relação ao quórum necessário para garantir a votação em meio ao período eleitoral. Senadores como Renan Calheiros e Otto Alencar reconhecem que Galípolo tem votos suficientes para ser aprovado, mas o principal desafio será garantir a presença de parlamentares na sessão. Em sua trajetória de conversas no Senado, Galípolo reuniu-se com mais de 70 senadores, cultivando um apoio amplo, que deve facilitar sua aprovação.
Próximos Passos
Paralelamente ao processo de nomeação, Galípolo tem participado de reuniões internacionais e de encontros importantes, como o Comitê de Política Monetária (Copom), onde defendeu a elevação da taxa básica de juros. O governo trata a indicação como prioridade, e, após a sabatina, pretende agilizar a votação no Plenário. Além disso, o Ministério da Fazenda já planeja a nomeação de novos diretores para o Banco Central em 2025, consolidando a equipe de Galípolo nas áreas de política monetária, regulação e supervisão de conduta.
Fortalecimento Institucional
A indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central reflete um momento de reafirmação da autonomia da instituição, com forte articulação política e apoio que atravessa linhas partidárias. Se aprovado, Galípolo enfrentará o desafio de equilibrar o papel técnico da instituição com o cenário político brasileiro, especialmente em meio às preocupações sobre a autonomia do BC em futuros governos. Sua trajetória pragmática e sua habilidade em dialogar com diferentes atores no Congresso apontam para um fortalecimento institucional do Banco Central, o que será fundamental para a estabilidade econômica do país nos próximos anos.